sábado, 1 de maio de 2010

Caro deputado Aldo Rebelo,

As florestas, o solo, a água, a biodiversidade e o clima equilibrado são patrimônios e riqueza de todos os brasileiros. Preservados, eles continuarão a funcionar como insumos para a nossa agricultura, agindo em benefício tanto dos produtores rurais como de todos nós que dependemos dos alimentos que eles produzem. As florestas, principalmente a Amazônia, continuarão a gerar as chuvas que irrigam os solos férteis de todo o país, abastecem nossos reservatórios e fornecem a energia que o Brasil precisa para crescer. Continuarão, igualmente, a servir de inspiração para o nosso imaginário coletivo, que construiu personagens mitológicos como o Curupira e o Saci-Pererê a partir, justamente, de nossa tradicional relação com nossas matas.

Tudo isso está em jogo na tentativa de modificar o Código Florestal brasileiro. Há mais de dez anos, representantes da bancada ruralista tentam mudar nossas leis em seu próprio benefício, para diminuir a função social e ambiental das florestas e das propriedades rurais . O senhor, ao que tudo indica, aderiu a esse esforço, o que é uma pena. Ele segue na contramão da construção de uma nação moderna, que respeita a lei, as comunidades que vivem na floresta, e que tem no uso racional do nosso gigantesco patrimônio ambiental a chave de um novo modelo de desenvolvimento que permitirá ao Brasil escapar da sina de pais socialmente injusto, concentrador de renda e exportador de matéria-prima barata que beneficia a poucos - aqui e fora de nossas fronteiras.

Nossas florestas estão em discussão na comissão especial - que analisa 11 propostas de alteração ao Código Florestal e à Lei de Crimes Ambientais – e da qual o senhor é o relator. Respeitarei sua opinião, mas quero debatê-la. Portanto, peço que o senhor não tente empurrar tais alterações goela abaixo dos brasileiros. A questão é relevante demais para ser decidida apenas por meia dúzia de deputados da Comissão Especial na antevéspera da eleição. Deixe que o assunto para a campanha eleitoral e para as ruas, para que ele possa ser debatido por toda a nação.

Como cidadão brasileiro, sou a favor a proteção integral das florestas que restam em nosso solo. E não quero anistiar quem desmatou ilegalmente. Por isso, defendo que o Código seja, ao menos nesse momento, deixado em paz. No máximo, torço para que ele vire um assunto primordial nas próximas eleições. Caso contrário, serei forçado a lembrar de quem buliu indevidamente com nossas florestas, sem me consultar, quando eu for votar no próximo dia 3 de outubro.
Fonte:www.greenpeace.org/brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário