sábado, 22 de maio de 2010

A Arte e a Feira / Exposição Coletiva de Ocupação Artística da Feira de São Joaquim-Salvador-Bahia

A exposição foi realizada na sexta-feira, 14 de maio de 2010, das 9:00 às 16:00 horas.A partir dos depoimentos de Leonel Mattos, artísta plástico e curador,foi uma mostra coletiva em um espaço nada convencional onde a convivência do novo com o antigo, do emergente com o tradicional geraram o desafio entre a obra e o povo.Vários artistas plásticos renomados e emergentes foram convidados para esta intervenção e todos toparam na hora!
Foi um evento surpresa, pois não tinha nada combinado, ocupamos os espaços com arte, como se fizesse parte do dia a dia da feira. Conforme foi acontecendo o improviso do momento, misturamos a arte com o cotidiano funcionando como a própria dinâmica da feira, que modifica a cada momento!
Entendo que a obra de arte em um lugar específico, torna-se duvidoso, como Museus e Galerias, aqui o desafio para o artista foi levar a arte para um espaço urbano repleto de informações e não se perder na multidão, este foi o desafio!
A exposição incorporou a multimídia, desfile do estilista Di Paula, vídeos arte, fotografia, pintura, intervenções, instalações,quadros, painéis, performances, etc.
Como a Feira de São Joaquim será reformada, decidimos interferir na mesma agora, para não perder suas características!

Nossa homenagem ao poeta Damário da Cruz pelo seu ecoambiental



Morte de Damário: Nosso Grande Poeta
Orlando Pinheiro da Silva divulgou fotos e noticiou sobre a morte de "Nosso Poeta", através do Facebook. A poesia está de luto na Capital do Recôncavo Baiano, no mais côncavo das nossas raízes.
Nelson Rocha noticiou no jornal Tribuna da Bahia “Me toca profundamente a morte de Damário. Ele introduziu o conceito do poema cartaz, obtendo enorme sucesso com “Todo Risco”, de caráter filosófico, e sob o qual veiculou fotos realizadas pelo seu sensível olhar”, declarou o também jornalista e amigo do poeta Albenísio Fonseca.
Damário da Cruz foi balconista, líder estudantil, repórter, sindicalista e era apaixonado por poesia e fotografia. Aos 15 anos, começou a fazer uso das palavras como forma de expressão artística e poética, o que resultou em poemas e livros publicados. “Ninguém é capaz de dizer tudo sozinho. Ninguém é grande sozinho. Somos uma mistura do muito que muitos nos dizem. Por incrível que possa parecer, acredito que a grande vedete deste milênio será a PALAVRA publicada em outros suportes”, declarou certa vez durante entrevista. Livros publicados: “ Vela branca”, “ Todo risco, o ofício da paixão”, “Segredo das pipas”. Livros inéditos: “Memorial das Ternuras” e “Memorial dos Ventos”.
O jornal A Tarde divulgou o acontecimento salientando que em Cachoeira ele criou o espaço Pouso da Palavra, fundado em 2001, que abrigava um café literário, uma galeria, um ateliê de criação e um local denominado Quintal de Sócrates, onde aconteciam recitais, encontros com escritores e saraus.

TODO RISCO
Damário da Cruz

A possibilidade
de arriscar
é que nos faz homens.

Vôo perfeito
no espaço que criamos.

Ninguém decide
sobre os passos que evitamos.

Certeza
de que não somos pássaros
e que voamos.

Tristeza
de que não vamos
por medo dos caminhos.

sábado, 8 de maio de 2010

Teste de Memória Soteropolitana

Símbolos e Imagens

Você lembra, você sabe, você viu?
aquela fábrica antiga,
que do Rio Vermelho sumiu?
quem achar aquela fábrica,
por favor, me responda:
o que sabe, onde estava,
quem decidiu?

Você lembra, você sabe, você viu?
aquele mercado antigo,
que do Rio Vermelho sumiu?
quem achar aquele mercado,
por favor, me responda:
onde estava, o que sabe,
quem decidiu?

Você lembra, você sabe, você viu?
aquela grande tenda indígena,
que da Amaralina sumiu?
quem achar aquela tenda
por favor, me responda:
onde estava, o que sabe,
quem decidiu?

Você lembra, você sabe, você viu?
aquela barraca indígena,
que da orla marítima sumiu?
quem achar aquela barraca,
por favor, me responda:
onde estava, o que sabe,
quem decidiu?

Você lembra, você sabe, você viu?
aquela casa de pedra,
que do Aeroclube sumiu?
quem achar aquela casa,
por favor, me responda:
onde estava, o que sabe,
quem decidiu?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

PASSEIO SOCRÁTICO

Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali napobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. “Quem trouxe a fome foi a geladeira”, disse.

O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável. [...]

Vou com freqüência a livrarias de shoppings. Ao passar diante das lojas e contemplar os veneráveis objetos de consumo, vendedores se acercam indagando se necessito algo. “Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático”, respondo. Olham-me intrigados. Então explico: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz”. [...]

MANDAMENTOS DO CONSUMISMO

A publicidade cerca-nos de todos os lados -na TV, nas ruas, nas revistas e jornais- e força-nos a ser mais consumidores que cidadãos. Hoje, tudo se reduz a uma questão de marketing. Uma empresa de alimentos geneticamente modificados pode comprometer a saúde de milhões de pessoas. Não tem a menor importância se uma boa máquina publicitária for capaz de tornar a sua marca bem aceita entre os consumidores.`Isso vale também para o refrigerante que descalcifica os ossos, corrói os dentes, engorda e cria dependência. Ao bebê-lo, um bando de jovens exultantes sugere que, no líquido borbulhante, encontra-se o elixir da suprema felicidade.

A sociedade de consumo é religiosa às avessas. Quase não há clipe publicitário que deixe de valorizar um dos sete pecados capitais: soberba, inveja, ira, preguiça, avareza, gula e luxúria. ‘Capital’ significa ‘cabeça’. Ensina meu confrade Tomás de Aquino (1225-1274) que são capitais os pecados que nos fazem perder a cabeça e dos quais derivam inúmeros males.

A soberba faz-se presente na publicidade que exalta o ego, como o feliz proprietário de um carro de linhas arrojadas ou o portador de um cartão de crédito que funciona como a chave capaz de abrir todas as portas do desejo. A inveja faz crianças disputarem qual de suas famílias tem o melhor veículo.

A ira caracteriza o nipônico quebrando o televisor por não ter adquirido algo de melhor qualidade. A preguiça está a um passo dessas sandálias que convidam a um passeio de lancha ou abrem as portas da fama com direito a uma confortável casa com piscina.

A avareza reina em todas as poupanças e no estímulo aos prêmios de carnês.

A gula, nos produtos alimentícios e nas lanchonetes que oferecem muito colesterol em sanduíches piramidais.

A luxúria, na associação entre a mercadoria e as fantasias eróticas: a cerveja espumante identificada com mulheres que exibem seus corpos em reduzidos biquínis.

Os cinco mandamentos da era do consumo são:

1º) Adorar o mercado sobre todas as coisas. Tudo se vende ou se troca: objetos, cargos públicos, influências, idéias etc. Em economias arcaicas, ainda presentes em regiões da América Latina, a partilha dos bens materiais e simbólicos assegurava a sobrevivência humana. Agora, ao valor de uso se sobrepõe o valor de troca. É preferível deixar apodrecer alimentos cujos preços exigidos pelos produtores deixam de oferecer a mesma margem de lucro. Segundo o mercado, tombam os seres humanos, mas seguram-se os preços.

2º) Não profanar a moeda, desestabilizando-a. Dizem que outrora povos indígenas sacrificavam vidas humanas para aplacar a ira dos deuses. Abominável? Nem tanto. O ritual prossegue; mudaram-se apenas os métodos. [...]

3º) Não pecar contra a globalização. Graças às novas tecnologias de comunicação, o mundo se transformou numa pequena aldeia. De fato, o Planeta ficou pequeno frente às imensuráveis ambições das corporações transnacionais. Por que investir na proteção do meio ambiente se isso não aumenta o valor das ações na Bolsa?

4º) Cobiçar os bens estatais e públicos em defesa da privatização. Se não é o bem comum o valor prioritário, e sim o lucro, privatize-se tudo: saúde, educação, rodovias, praias, florestas etc. Privatizar é afunilar a pirâmide da desigualdade social. Os lucros são apropriados por uma minoria, e os prejuízos – o desemprego e a miséria – socializados. Menos serviços públicos, maior a parcela da população excluída do acesso aos serviços pagos. [...]

5º) Prestar culto aos sagrados objetos de consumo. Percorremos aceleradamente o trajeto que conduz da esbeltez física à ostentação pública de celulares, da casa de veraneio ao carro importado, fazendo de conta que nada temos a ver com a dívida social.Expostos à má qualidade dessa mídia eletrônica que nos oferta felicidade em frascos de perfume e refrigerante, alegria em maços de cigarro e enlatados, já não há espaço para a poesia nem tempo para curtir a infância. Perdemos a capacidade de sonhar sem ganhar em troca senão o vazio, a perplexidade, a perda de identidade. [...]

A propósito: o contrário da soberba é a humildade; da inveja, o despojamento; da ira, a tolerância; da preguiça, o compromisso; da avareza, a partilha; da gula, a sobriedade; da luxúria, o amor.

Fonte:Este texto de autoria de Frei Betto em parceria com Luís Fernando Veríssimo foi publicado em 'O desafio ético' (Editora Garamond), com a organização de Ari Roitman, em 2001.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Desfile Nestlé, Parada Disney

Jardim de Alá de Salvador da Baía, domingo, 02 de maio de 2010.

Estava nas proximidades e pensei ir ao evento...
Como toda boa baiana, olhei o tempo chuvoso!
Baiano tem resistência em sair quando chove e hoje é, era, ou será Parada Disney? Afinal choveu, e no mínino, num bom cálculo baiano, esse desfile vai sair mais tarde. Ora, “na Bahia” funciona assim...
Estava curiosa e lá fui eu com o Filhote assistir o tal desfile, Filhote que já não é mais um Filhotinho, porém sim, um Filhotão.
Nossa! Quando cheguei ao Jardim de Alá, que ainda continua de Alá lembrei a canção “Foi um rio que passou na minha vida e o meu coração se deixou levar...” Muita gente, uma correnteza, uma enxurrada colorida. Senti uma alegria inusitada com aquela dinâmica do coletivo e ingressei na correnteza, logo então percebi que havia um fluxo de maré e contra maré.
Que estava acontecendo?
Então perguntei a um senhor que caminhava na mesma direção, sentido Aeroclube, afinal o desfile já passou? Ele respondeu: Esse desfile parece o trem bala, a gente vai chegando e ele já passou, a gente corre e não consegue alcançar. Ele tinha acabado de descrever a sensação que senti na minha teimosia em “pegar o trem”.
A tal Avenida Otávio Mangabeira, parecia não conseguir conter o número de pessoas, havia sido dividida em três partes: a do centro, o local do desfile e nas laterais, uma ladeando as construções e outra ladeando a costa, o litoral ou a orla marítima, conforme queiram vocês, destinada as pessoas que na sua dinamicidade construíam duas correntes que em ambos os lados continha maré e contra maré humana e dificultava o fluxo de quem já havia assistido ao desfile ou desistido dele, e aqueles que como nós teimavam em ver os personagens Disney, parte do nosso imaginário coletivo como Branca de Neve, Belas Adormecidas e etc. e tal. Nesse ínterim encontrei num garotinho que chorava querendo ver o Mickey. Olhei para a senhora que estava ao seu lado, tudo indicava sua mãe, e ela disse “estou correndo para acompanhar e ver se mostro a ele, mas esse tal desfile parece mais uma miragem, água no deserto, quando a gente pensa se aproximar parece que ele desaparece.
Nesse momento, eu e um senhor nos aproximamos dos homens que amparavam a barreira construída de grades de alumínio e bloqueavam o centro, local onde o desfile passara e pedíamos a eles que abrissem as grades para facilitar os acessos da multidão, e eles insistiam em mantê-las cerradas. Um deles, o chefe do grupo disse-nos que obedecia a ordens, que ali ele não passava de apóstolo. Respondi que seu Deus não tinha feito nenhum curso de planejamento urbano e jamais havia coordenado um evento porque o que se passava era tudo que um professor de eventos diria aos alunos que era um exemplo do que não se deveria fazer.
As pessoas estavam perplexas... Como uma festa poderia ser tão rápida? Menos de meia hora?
Para quem é da city baiana haverá de compreender o espanto. Afinal, baiano não conhece festa tão rápida... Nossas festas duram uma noite, ou um dia, três dias, ou, no mínimo um turno. E agora essa bendita festa logo depois de uma chuva, que começa com uma rigidez de horário inglês em plena Bahia e, ainda diga-se mais, uma festa principalmente para crianças com o patrocínio Nestlé e Disney!...
Em nenhum momento da minha vida tive tanta certeza da benevolência do nosso povo, da sua flagrante oralidade e da paciência que é também uma forma de amar.
Tentávamos conseguir alternativa para caminhar mais rápido, queríamos ver alguma fresta da festa que insistia em nos convidar e em ignorar nossa pretensão.
Ao tentarmos construir uma passagem pela praia que era mais rápido, uma jovem senhora olhou prá mim e disse: Olhe quem saiu com chuva se deu bem, porque baiano não gosta de sair com chuva, e eu como toda baiana feita de açúcar esperei a chuva passar pra não desmanchar e perdi a festa. E outra acrescentou: aprendi que quem não usa hidratante carrega a sombrinha.
Meu Filho olhou prá mim e disse que sua colega telefonou que vem uma hora da tarde prá festa. Eu sorri, era tudo que podia fazer.
Enfim chegamos ao Aeroclube e um homem ou tentava ou impressionava quem passava impulsionando com o dispositivo de fogo o lançamento de um balão e que não era balão de papel não!
Seguíamos com toda aquela multidão, como se fora o carnaval, uma grande festa de São João para tentar ver alguma coisa e “não voltar à zero”.
Subimos naqueles pequenos morros que delineiam colinas no Aeroclube e vimos o carro alegórico do castelo da Disney e uma casinha fantasia já vazia dos seus personagens. Era tudo que restava para ser visto e ainda vinha uma imensa multidão para ver a festa.
Naquele momento os motoristas tentavam conduzir os belos ônibus que retiravam os figurantes, personagens da festa, tentando dar partida. E você pensa que o povo deixou? Qual o quê? Fizeram iguaiszinhos fazem no trio elétrico para reter o caminhão. Bloquearam o caminho dos ônibus que somente saíram quando os motoqueiros da polícia chegaram.
Agora imaginem o que passou pela cabeça dessas pessoas de outra cultura sobre aquela situação, certamente que fossem ignorantes, vândalos, quinto mundistas, e apenas as pessoas que ser felizes, ver a festa, começar tudo de novo, e certamente serem tratadas de uma forma melhor pelos seus políticos, seus governantes, seus representantes inclusive também aqueles que acabam de receber homenagem pelo desempenho no turismo.
Em seguida, estávamos regressando quando o Governador saia de carro do Aeroclube e começou a acenar para a população que lhe retribuiu em vaias. Foi a forma mais gentil e educada que pude presenciar de um protesto de uma população carente de lazer, cultura e nutrindo um profundo sentimento de desrespeito pela absoluta falta de informação e planejamento que orientasse sobre o evento. Vale lembrar que para grande parcela dessa população falta tudo e não podem perder a fé para não enlouquecer ou partir para o vandalismo. Uma população menos educada e paciente teria naturalmente agido de forma bem menos gentil.
Fiquei a refletir sobre a atitude do Governador, inocência ou total distanciamento do sentimento do povo naquele instante. Ele é um homem sensível, eles não vaiavam a pessoa do Governador, porém endereçavam a ele a comunicação do seu desencanto, sua tristeza, sua falta de prazer, o fiasco que fora o evento.
E ele, o Governador atual, o que estaria pensando?
Como foi a articulação desse evento entre os empreendedores, o governo municipal e o governo estadual?
Aí me flagrei imaginando uma aliança entre o Governador e o Prefeito, pessoas que admiro como seres humanos mesmo distante de vínculos políticos e pensei que se assim fosse seria melhor para a população...
Naquele momento eu também era uma daquelas pessoas que tinha ido ali movida pelo encantamento do imaginário e nós voltávamos cansadas, injuriadas e desencantadas. E observem que havia muitas mães, pais e crianças presentes no encontro, “embora tanto desencontro pela vida” como diria Vinicius de Moraes, pois para maioria dos convidados não passou de uma pretensa fantasia a festa da fantasia.
No retorno, ao caminharmos juntos, ouvi coisas assim: Uma criança de aproximadamente quatro anos chorava, seu chapéu de papelão havia caído no chão. Uma senhora exclamou “agora só faltava um bang-bang!”. Outra jovem disse “ é melhor beber um pouco antes de voltar prá casa”, ainda comentários como “eu comecei a caminhar há dois dias e hoje eu fui quase que correndo do Jardim de Alá ao Aeroclube”. Dentre essas pessoas, uma Mãe muito jovem, parecia uma pessoa com muito pouco recurso; parou numa barraca onde o dono não sabia se abria o côco, se recebia o dinheiro ou se partia o côco no meio para os solicitantes, e nesse contexto essa jovem mãe declarou: Eu acho que o Prefeito não se importa com os sonhos de uma criança, nem a de 06 meses, nem a de dois anos, nem a de cinco anos”. E um jovem senhor comentava sobre qual foi a verba destinada e para quem, afinal a população merecia ser informada, a cidade ficou com o filet da sua orla totalmente interditado do Jardim de Alá até o Aeroclube em pleno domingo, várias secretarias e muitas pessoas foram mobilizadas para participarem do evento...
Continuo a me indagar sobre a forma como nossos governantes fazem política e sobre o poder do Estado em desarticular ou insensibilizar lideranças; em que bases nossos políticos constroem alianças sem pensar na população, no ser humano; como as culturas fazem leituras diferentes para uma mesma situação e como é necessário um maior cuidado com o planejamento de eventos.
Mas enfim hoje é domingo, a vida é curta a natureza estava linda e resolvemos então salvar o lado artístico do dia em festa fazendo fotos pessoais, da população, do evento e da bela paisagem do Jardim de Alá.
Salve, Salve Salvador Alá, Maomé, Buda, Deus, Mãe Divina, Abraão, Tupã, Cristo, Nossa Senhora, Deuses de todos os cultos e Babalorixá da Bahia.

De Caixa suspensa

De Caixa suspensa

De Caixa suspensa

De Caixa suspensa

De Caixa suspensa

De Caixa suspensa

sábado, 1 de maio de 2010

Caro deputado Aldo Rebelo,

As florestas, o solo, a água, a biodiversidade e o clima equilibrado são patrimônios e riqueza de todos os brasileiros. Preservados, eles continuarão a funcionar como insumos para a nossa agricultura, agindo em benefício tanto dos produtores rurais como de todos nós que dependemos dos alimentos que eles produzem. As florestas, principalmente a Amazônia, continuarão a gerar as chuvas que irrigam os solos férteis de todo o país, abastecem nossos reservatórios e fornecem a energia que o Brasil precisa para crescer. Continuarão, igualmente, a servir de inspiração para o nosso imaginário coletivo, que construiu personagens mitológicos como o Curupira e o Saci-Pererê a partir, justamente, de nossa tradicional relação com nossas matas.

Tudo isso está em jogo na tentativa de modificar o Código Florestal brasileiro. Há mais de dez anos, representantes da bancada ruralista tentam mudar nossas leis em seu próprio benefício, para diminuir a função social e ambiental das florestas e das propriedades rurais . O senhor, ao que tudo indica, aderiu a esse esforço, o que é uma pena. Ele segue na contramão da construção de uma nação moderna, que respeita a lei, as comunidades que vivem na floresta, e que tem no uso racional do nosso gigantesco patrimônio ambiental a chave de um novo modelo de desenvolvimento que permitirá ao Brasil escapar da sina de pais socialmente injusto, concentrador de renda e exportador de matéria-prima barata que beneficia a poucos - aqui e fora de nossas fronteiras.

Nossas florestas estão em discussão na comissão especial - que analisa 11 propostas de alteração ao Código Florestal e à Lei de Crimes Ambientais – e da qual o senhor é o relator. Respeitarei sua opinião, mas quero debatê-la. Portanto, peço que o senhor não tente empurrar tais alterações goela abaixo dos brasileiros. A questão é relevante demais para ser decidida apenas por meia dúzia de deputados da Comissão Especial na antevéspera da eleição. Deixe que o assunto para a campanha eleitoral e para as ruas, para que ele possa ser debatido por toda a nação.

Como cidadão brasileiro, sou a favor a proteção integral das florestas que restam em nosso solo. E não quero anistiar quem desmatou ilegalmente. Por isso, defendo que o Código seja, ao menos nesse momento, deixado em paz. No máximo, torço para que ele vire um assunto primordial nas próximas eleições. Caso contrário, serei forçado a lembrar de quem buliu indevidamente com nossas florestas, sem me consultar, quando eu for votar no próximo dia 3 de outubro.
Fonte:www.greenpeace.org/brasil